Histórias do primeiro mochilão "De Nós Tudo!"

quarta-feira, 31 de março de 2010 às 9:31 AM
Pinheiro, impressões deixadas pela Princesa da Baixada

Inaugurando o momento jornalismo mochileiro, trago um pouco do encanto da viagem à cidade maranhense de Pinheiro, que recebeu no fim de semana retrasado o II ENBLOG-MA. Segue agora um pouco da impressão da viagem, recheada de pequenas reflexões do primeiro mochilão intermunicipal da foca que vos escreve.

Como nascem os blogueiros
Foi só ter a caixa de e-mail bombardeada com os convites do II ENBLOG e ver a lista de nomes confirmados crescer, que eu e meus amigos focas de plantão resolvemos definir nossa singela participação no evento. Até esse momento, eu era a blogueira mais “experiente” do quarteto de mochileiros. Mantenho a quase dois anos o blog “Ensaios em Foco”. Em segundo lugar vinha nosso companheiro Saulo Galtri, que infelizmente não nos deu a honra da companhia na viagem, mas mantém a alguns meses o “Clube dos Cachos” e logo estará por aqui fazendo coro ao "De Nós Tudo!". Caçulinha entre os blogueiros, Max de Medeiros, nos acompanha, mantendo desde o início desse ano, o “Blog de Nhozinho”. E encerrando a filinha, a blogueira recém-nascida Saara Sousa, idealizadora deste nobre espaço democrático que chamamos “De nós tudo!”.

Dispondo todos de nossas devidas carteirinhas “Sou blogueiro, sim senhor!”, combinamos de pôr o pé na estrada e seguir rumo a famosa Princesa da Baixada, cidade maranhense de Pinheiro, encontrar pessoalmente nossos nobres colegas virtuais. Fora isso, sendo todos nós, estudantes de jornalismo, o evento por si só já nos interessaria pelo debate em torno da comunicação. Mas como já foi dito por aqui, o encontro teve outro viés, e descobrimos isso na prática. Em todo o caso, a viagem não foi perdida.

Jornalismo mochileiro que se preza se informa antes
Muito bem, como boa e velha curiosa que sou (leia-se perfeccionista, desconfiada e medrosa) resolvi pesquisar sobre a cidade para a qual íamos viajar, assim que decidimos participar do Encontro de Blogueiros.

Pois bem, Pinheiro fica a cerca de 333 km da capital São Luís e para chegar até a cidade, precisamos de apenas três horas de viagem. Primeiro, pegamos o ônibus no terminal rodoviário do Anel Viário em São Luís e levamos cerca de 30 min para chegar até a Ponta da Espera, no bairro Itaqui-Bacanga, onde pegamos o esperado ferry-boat às 17h em ponto.
“Na hora do lunch, eu ando de ferryboat...”*
Mochileira de primeira viagem, eu nunca havia viajado de ferry e passei a semana anterior a viagem cantarolando o “Samba do Approach”* do maranhense Zeca Baleiro para disfarçar o medo da travessia de uma hora na tal balsa gigante. Acabou que medo foi a última coisa que senti ao pisar no ferry-boat “São José”, providencialmente disponível para nossa viagem exatamente no dia 19 de março. Dia de São José Operário e dia da Escola. Tudo a ver. Três estagiários em busca de algo que somasse ao conhecimento acadêmico. Estávamos protegidos e fomos com fé.

A travessia foi tranqüila, regada ao papo sobre infância e desenhos animados. No ferryboat tem televisão, lanchonete e um grande espaço para os passageiros irem muito bem acomodados. Mas eu não quis saber muito de assistir o Aladim que passava na Sessão da Tarde daquela sexta-feira, então depois de lancharmos, arrastei Saara Sousa e Max de Medeiros para frente do ferry, onde fomos pegando vento no rosto e curtindo a paisagem com direito a muita água do Canal do Boqueirão e pôr-do-sol.
Já em terra firme...
Aportamos no povoado de Cujupe, pertencente ao município de Alcântara, por volta das 18h e retornamos ao ônibus, (que viajou no ferry junto com a gente!) para mais uma hora de estrada.
O motorista, conhecedor dos percalços das estradas maranhenses, passava por cima dos buracos sem dó. Mas até que a MA 106, que nos leva até a baixada maranhense, não estava em um estado de deixar nós mochileiros, chacoalhando sem parar nos assentos. Mais um trecho de viagem tranqüila e finalmente chegamos em Pinheiro.

Pinheiro-MA em Foco
Minha impressão da cidade? A primeira vista, ao descer do ônibus e caminhar alguns metros, nada muito discrepante em relação a alguns bairros mais estruturados de São Luís. Avenidas largas, muitas farmácias, comércios, lanchonetes, bares, lan houses, hotéis e pousadas. Chegamos a Praça José Sarney (sim, ele também já esteve por lá, aliás, foi de lá que ele saiu. Pinheiro é a terra natal do ex-presidente) e paramos para um lanche na fofíssima rede de lanchonetes local Disney Lanches. Durante os três dias, fiquei como criança em parque de diversão, olhando em volta sem parar e querendo brincar em todos os brinquedos. Andamos pela cidade e curtimos muito a tranquilidade em que vivem as pessoas das cidades do interior. Permanecemos por lá de sexta a noite até domingo a tarde, e pelas nossas andanças percebemos uma cidade estruturada em termos de comércio e aparentemente organizada em termos de órgãos públicos com fachadas bem construídas, ruas sinalizadas, parques e praças identificados. Restou saber se durante o ano as coisas realmente funcionam e atendem a população satisfatoriamente.

Ainda assim, uma coisa é certa: Pinheiro é princesa por natureza. Foi impagável sentar às margens do Rio Pericumã, que corta a cidade, e deixar a vista se perder no campo, entre os muitos cavalos e búfalos que de longe pareciam pontinhos brancos e pretos na imensidão verde do pasto.

Foi bom ver crianças tomando banho de rio, mulheres lavando roupas e canoas passarem de tempos em tempos levando pescadores ou pessoas com sacas de alimentos. Foi relaxante olhar para o rio e ter certeza, encarando aquelas águas aparentemente calmas, mas de alertada correnteza, que “ninguém toma banho duas vezes no mesmo rio.” Não seríamos mais os mesmos, nem o rio.
Infelizmente, os maus hábitos dos homens estão presentes em qualquer lugar. Uma canoa motorizada passou agitando a água. Alguns rapazes, ocupantes da canoa, faziam barulho e dividiam uma garrafa de bebida. A sacola plástica que envolvia a garrafa foi deixada pra trás, na água, na nossa frente.
E fiquei pensando. Desde antes daquele momento já não éramos mais os mesmos. Talvez aquela vista, durante aqueles minutos ali deixados, tivéssemos nos tornado melhores em alguma coisa. Mais sensíveis. Talvez, mais humanos. Mas e o rio com homens por perto? Daqui a quanto tempo não será mais o mesmo?
Outra reflexão que fiz entre os momentos em que perdia a vista entre o rio e o campo foi o motivo que nos levou até ali. O real motivo era a realização do II Encontro de Blogueiros e Mídias Livres do Maranhão, que a cidade sediava. E pensei, como pode, uma blogueira e estudante de jornalismo como eu, nascida e criada na capital, ter que ser levada a uma cidade de natureza tão viva pela tecnologia. Será que foi preciso conhecer primeiro o ciberespaço, com suas ferramentas que levam um mundo para dentro de casa, para depois saber que existe um rio, um campo, muitos cavalos e uma paz incrível a três horas de casa? Realmente, fiquei surpresa comigo mesma.
Da viagem, de apenas três dias, ganhamos um fim de semana de paz e muitas reflexões. Relaxamos da vida corrida na capital e conversamos muito. Também demos espaço ao silêncio, andamos pela cidade sem pressa e esquecemos por três dias o que é rotina e horários a cumprir.
Descobri um pedaço de paraíso no Maranhão e que preciso viajar pelo estado sem pretexto. Apenas pelo prazer de conhecer minha terra. É o que realmente vale a pena.
Vida sem relógio
Não levei relógio para Pinheiro. Sim, amigos! Vitória! Consegui me desgrudar da rotina por três dias. Apesar de cumprirmos horários em virtude do Enblog.

Mas não é bem sobre cumprir rotinas de olho nos ponteiros do relógio que escrevo. Falo sobre o tempo. Viver sem pressa. Que coisa boa foi andar pela cidade depois da palestra e não ver o tempo passar. Acordar e pensar em nada, em nenhum compromisso firmado para a noite. Viver os dias pelo prazer de seguir em frente pra ver o que iria acontecer. Sem relógio, sem agenda, sem rotina. Foi, sem dúvida, a melhor experiência que já tive em uma viagem.
Não houve uma melhor parte, nesses três dias. Tudo foi válido. A caminhada na noite da chegada com as mochilas nas costas pela rua grande pinheirense, uma avenida larga que tem três nomes de acordo com trecho. A manhã de sábado às margens do Pericumã. O almoço muito bem servido pela gentil acolhida na casa de Dona Maria. A tarde de palestra no Enblog. A noite na Pizzaria do Babá, onde por incrível que pareça comemos piaba e traíra, em vez da massa. A longa caminhada de volta, regada a gargalhadas das histórias de primo e infância no interior. Dormir tarde e nem se estressar se no domingo acordaríamos cedo. Mesmo sem despertador, acordamos cedo sem explicação. Curtimos a ida a feira da cidade como um passeio por um mundo novo. De barraca em barraca, fomos comprando babaçu, cupuaçu, pimentas, pitombas e coisinhas que até achamos em São Luís, mas naquele contexto, tinham um gosto especial.
Provei macaúba e me apaixonei pela farinha biriba. E olha que sou maranhense, mas nunca gostei de farinha. Andamos sem pressa e respiramos ar puro. Voltamos pra “nossa casa” em Pinheiro e assistimos televisão conversando enquanto o almoço era preparado. Mais fartura e gentileza. Nos sentimos em casa.
“Tudo que é bom dura pouco e não acaba cedo...”*
Ainda bem que Biquíni Cavadão* colocou em palavras o que eu senti depois de partir de Pinheiro. Apesar de não termos pressa, o tempo passou e pareceu, depois de nossa volta à rotina, que foi tudo muito rápido. Mas bem diz a frase, pode ter durado pouco, mas não acabou. Não findou a vontade de voltar à princesa da baixada e curtir mais alguns dias por lá. Não cessou a vontade de seguir para mais mochilões intermunicipais que caibam em fins de semana. Não teve fim a lembrança do rio, do campo, da tranquilidade.

Depois que algo para de acontecer, restam lembranças. Estas podem não acabar logo em seguida. Podem durar ainda muito tempo. Podem se transformar em coisas novas. Basta que esse fio de esperança não desvaneça e seja prolongado com novas idéias colocadas em prática.
Quem sabe voltaremos a Pinheiro. Alcântara também merece uma visita, assim como Barreirinhas, Carolina... Acho que essa história não acaba tão cedo.

Expectativas a mil

terça-feira, 30 de março de 2010 às 10:37 AM

Grandes feitos. Grandes decisões. Ações, planos...

No início tudo gira entre a expectativa e a realização. Assim três mochileiros partem de São Luís rumo ao certo e ao mesmo tempo duvidoso caminho traçado dias antes durante um papo jogado fora sobre sonho, idéia, viagem e blog. Eram quase cinco da tarde e a viagem começa, pronto! Já não dá pra voltar, e com expectativas a mil seguem até a cidade de infância de um deles, Pinheiro-MA. Essa é a parte certa... “indo de volta para casa”. Mesmo que por apenas dois dias, 20 e 21 de março, dias de realização do segundo ENBLOG, encontro de blogueiros do Maranhão.

“Essa viagem vai ser massa!”, a frase de um dos mochileiros resumiu o estado de espírito de todos, porém o sucesso da viagem ou do ENBLOG se deu bem distante do auditório da cidade, onde seria o palco de discussões, debates sobre mídias livres e democratização da mídia, essa sem dúvida, era a parte duvidosa da viagem. E logo na primeira manhã do evento tornou concreta nossa suspeita do fiasco político que seria. Horários não cumpridos, atividades que não condiziam com o anunciado, foi o caso da tão esperada piabagem, que na moral, seria apenas o oposto de trairagem. Para quem não sabe o que significa o termo trairagem, na gíria popular maranhense é sinônimo de traição, “171" e por aí vai. Vale lembrar a pajelança virtual, isso mesmo, essa de cara seria a melhor realização de todos os tempos, estávamos pensando até mesmo no computador que seria usado para tal feito e terminou em, como posso descrever sem deixar o sarcasmo me consumir? Uma atração musical. É, sou bastante generosa!

No entanto, vou me ater a parte certa da viagem para encerrar este primeiro e modesto post. Pinheiro se mostrou uma cidade além das expectativas e uma recepção de dar inveja a qualquer mochileiro. Lugares singulares, momentos únicos, conversas a beira do rio Pericumã regados de uma dose de saudosismo e nostalgia, a deliciosa experiência culinária da piaba frita são fatos que certamente não nos sairá da memória, aos que possam imaginar ter sido um total fiasco a viagem a Pinheiro nos valeu imensamente sem dúvida, pelas lembranças revividas de uma tarde de balanços e escorregas do parque do Babaçu, da tranqüilidade de ir além dos limites até então estipulados, de debater, mesmo que entre poucos, os conceitos e realidades acerca da ideologia política do nosso estado e principalmente por estar entre os bons e sinceros amigos.

Assim futuros leitores assíduos do “DE NÓS TUDO”, irra! Despeço-me desejando a todos um ótimo dia!

Comunicação, política e lazer: é de nós tudo!

segunda-feira, 29 de março de 2010 às 9:01 AM
É isso aí, este é o lançamento do Blog De Nós Tudo!. Uma idéia que surgiu na sala de aula do curso de jornalismo e que agora vai tomando forma. Somos quatro jovens jornalistas em busca de um novo olhar sobre os acontecimentos, sem as amarras das técnicas jornalísticas ou da dinâmica do mercado nas grandes empresas do ramo. Ou seja, faremos jornalismo, mas de maneira livre, leve e descontraída.

Para o lançamento do Blog “De Nós Tudo!”, decidimos escrever, todos, sobre o mesmo assunto: uma viagem à cidade de Pinheiro-MA feita pelo grupo, para participar do Segundo Encontro de Blogueiros e Mídias Livres do Maranhão (II ENBLOG-MA), que aconteceu nos dias 20 e 21 de março de 2010. Não haveria assunto melhor para lançar um Blog do que falar sobre um encontro de blogueiros, mas a história não aconteceu exatamente assim...

Para começar preciso voltar à semana anterior ao encontro, quando “Nós Tudo!” estávamos na Faculdade e ficamos sabendo sobre o evento e as discussões que seriam lançadas, principalmente acerca da importância da comunicação livre. Foi assim que foi surgindo a ideia de criarmos um blog, para nos expressarmos livremente, sem a necessidade de satisfazer um patrão, uma linha editorial ou uma audiência específica.
Diante disso, partimos, “Nós Tudo” de mochila nas costas, rumo ao encontro com outros blogueiros maranhenses. Depois de uma hora de ferry-boat e mais uma hora de ônibus, chegamos à Princesa da Baixada, Pinheiro-MA, cidade onde nasceu o ex-presidente da república José Sarney. Talvez essa fosse uma dica de que as coisas não correriam tão bem quanto esperávamos....

Durante as discussões do Enblog fomos percebendo o real objetivo do encontro. A questão comunicacional foi ficando em segundo, talvez terceiro plano, e o debate político recebeu a luz principal do espetáculo. Quer dizer, não sei se podemos chamar de debate quando apenas um lado fala.
No entanto, duas coisas me chamaram muita atenção durante o evento. Primeiro a “pajelança virtual”, que constava na programação. Imaginei que fosse alguma manifestação da cultura popular local, ou pelo menos um toque de tambor de crioula, já que Pinheiro tem um dos maiores festivais de tambor de crioula do estado, o festival do já falecido Zé Macaco. No entanto, a “pajelança virtual” resumiu-se a uma banda, em cima de um trio elétrico, tocando pop rock. Não quero desmerecer o talento da banda, mas nem de longe uma banda sobre um trio condiz com o termo "pajelança", no sentido popular da palavra.

A segunda coisa foi a “piabagem”, que também estava na programação do evento. Segundo os organizadores, “piabagem” é um ato de união entre os participantes, ao contrário de “trairagem”. Fazendo uma longínqua relação com algum pinheirense ilustre, que atualmente cria outros peixes no Senado Federal. Os termos, traíragem e piabagem, fazem relação com peixes típicos da cidade de Pinheiro, a piaba e traíra.

Mas, enfim, como nosso objetivo no encontro não era político, mas comunicacional, vou deixando esse assunto de lado para falar de outras coisas interessantes que aconteceram durante a viagem. Visitamos o rio Pericumã, à praça da Matriz, praça do Centenário e praça José Sarney, que durante o evento foi batizada de Praça Central, não sei bem porquê. Visitamos, também, a feira e o mercado municipal, onde “Nós Tudo!” aproveitamos para fazer algumas compras de produtos típicos da região, como a farinha biriba e as piabas.
Visitamos, ainda, o Parque do Babaçu, um local agradável para bater papo nos fins de tarde e levar as crianças para se divertirem nos brinquedos do parque, à sombra das palmeiras de babaçu. Ali, sentamos nos bancos e ficamos, durante alguns minutos, observando as crianças se divertirem, sendo embaladas nos balanços, subindo e descendo dos brinquedos, e escorregando para cair na grama.
Foi quando lembramos do nosso tempo de criança, assunto que foi e veio várias vezes durante a viagem, e logo bateu aquele saudosismo das coisas que fazíamos naquele tempo, as brincadeiras, os amigos, os programas de TV que assistíamos, tudo era muito diferente, talvez porque, naquele tempo, a gente não tinha vergonha de se sujar, de ser feliz. Mas, isso já é assunto para outra postagem...Pois bem, espero que você tenha gostado do blog, e volte, volte quantas vezes quiser, afinal o blog é “De Nós Tudo”. Meu nome é Max de Medeiros, e será sempre um prazer dividir experiências neste ciberespaço livre.

II ENBLOG por Talita Guimarães

domingo, 28 de março de 2010 às 1:16 PM

II Enblog: blogueiros reunidos por uma rede de mídias livres

A segunda edição do Encontro de Blogueiros e Mídias Livres, que aconteceu no último fim de semana (20 e 21/03) na cidade de Pinheiro na baixada maranhense, reuniu blogueiros, comunicadores e representações políticas para discutir os rumos da ferramenta de mídia livre no estado do Maranhão. Contudo, o encontro teve forte representação política e seguiu uma linha de debates em defesa da confrontação do sistema político estabelecido no estado com o uso de blogs.


A reunião teve por base a explanação em torno da relação histórica entre política e comunicação e a forma como essa perigosa união compromete o fazer jornalístico. Na palestra principal, ocorrida na tarde de sábado, a mesa foi composta por Edson Vidigal, Wagner Cabral, Robert Lobato, Roberto Rocha e Eri Castro. O tema em pauta era o uso do blog como forma de construção de uma sociedade socialista. No entanto, as falas dos palestrantes esteve envolta em um discurso de oposição política. A platéia foi, inclusive, convidada várias vezes a integrar a rede de mídias livres em prol da liberdade de expressão e da democracia na alternância de poder.


O Deputado Federal Roberto Rocha (foto) falou sobre o uso da mídia livre e da necessidade de expansão de lan houses para ampliar o acesso a rede. Comentou que ao político cabe a preocupação em levar à população o acesso a rede e ao comunicador a informação. Por fim, declarou apoiar as próximas edições do Enblog.

Em sua participação na mesa de debates, Edson Vidigal, ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça, traçou o percurso histórico da política no Maranhão sempre comentando em paralelo a evolução dos meios de comunicação e seu poder de propagação de ideais. Frisou que a mídia livre tem o poder de propagar ideais políticos e comentou que desde a invenção da imprensa, a humanidade se move numa lógica libertadora. Vidigal foi enfático ao relatar que rádio, televisão e cinema nasceram e permaneceram como veículos de manutenção caros, e por isso seus detentores sempre foram indivíduos ligados a alguma forma de poder. Nesse sentido, questionou que a comunicação preocupada com a cidadania perde o foco.Como contraproposta, o ex-ministro do STJ conceituou subversão no sentido puro de confrontamento da ordem estabelecida e encerrou sua participação concluindo que a mídia livre é "um meio pacífico de anacronismo político" e que "neste contexto o blog é sim um meio indispensável para a subversão pacífica".A idéia do encontro começava, assim, a definir seus contornos: fortalecer o uso da mídia livre formada pela oposição política e agrupar mais pessoas nessa prática. E nesse ponto “Nós Tudo!” nos perguntávamos: mídia livre até que ponto? Talvez, livre no sentido de todo e qualquer cidadão dispor de seu acesso e as idéias ali apresentadas não serem censuradas. Bem, então mídia livre sim, mas isenta não. Se há interesse pela tomada de poder, certamente haverá apenas um lado da história.

E assim, a palestra prosseguiu. O discurso de Vidigal foi endossado pela fala seguinte, do professor do departamento de História da UFMA, Wagner Cabral. O professor, dentro de sua área de conhecimento, falou sobre o confrontamento de oligarquias desde Vitorino Freire e lembrou como a comunicação sempre foi usada como ferramenta de divulgação e promoção política. Abordou a necessidade de uma democratização da comunicação e alertou para a concessão de veículos de comunicação ser dada a políticos no Brasil. Passeou pela censura ditatorial, o conceito de big brother como sociedade vigiada e o cuidado ao expressar posicionamentos que podem ser interpretados de várias formas diferentes. “Tudo o que nós dizemos pode ser interpretado de outra maneira, ser transformado em metáfora ou alegoria.”, afirmou Cabral.

O professor falou ainda sobre a forma como os blogs podem manipular informações e citou como exemplo uma pesquisa divulgada nos blogs de Walter Barros e Marcos D’eça em que índices apontavam benefícios da administração da atual governadora do estado do Maranhão. Segundo Cabral, a pesquisa era falsa. Não havia registro da pesquisa ter sido realmente feita. Em um ponto, o palestrante tem razão: é preciso estar atento às notícias que são veiculadas pelos meios de comunicação, livres ou não. Mas é preciso também, que comunicadores, sejam eles jornalistas ou blogueiros tenham como compromisso primeiro, informar. Colocar interesses, sejam políticos ou não, de lado e mostrar o que acontece com sinceridade. É o que “De nós tudo!” espera de um mídia livre.Uma frase, no entanto, que chamou nossa atenção foi dita por Eri Castro, ao fim da palestra do professor de História: “não podemos sucumbir ao canto de sereia da oligarquia”.

Deste modo, o mote do encontro, que pregava a necessidade de uma mobilização social para a expansão da rede de blogueiros maranhenses, assumiu sua intenção política e trouxe em definitivo para o evento, a discussão em torno do uso da mídia para combater interesses políticos. Participar desse evento foi válido, uma vez que presenciar as discussões feitas pelos grupos sociais dá a chance de conhecer o que cada um pensa e como se organiza. No entanto, a proposta do encontro, em seu conceito puro, se perde quando blogueiros e políticos estão muito próximos e lutam juntos pelo poder, ainda que seja de oposição e que a democracia precise desse oxigênio.

Discutir o uso de blogs para dar voz à população e suas necessidades atendidas ou não significa um grande passo para o uso social das tecnologias, mas é preciso cautela e bom senso ao aliar comunicação e política uma vez que não se espera que os erros criticados sejam repetidos por quem os combate quando a chance de chegar ao poder realmente se concretizar.

Primeiros passos

às 12:49 PM
Caríssimos,

apareço por aqui para dar o pontapé inicial nas postagens deste nobre espaço democrático. Meu nome é Talita Guimarães e juntamente com os amigos Max de Medeiros, Saara Sousa e Saulo Galtri, deixarei por aqui textos, opiniões, visões e um pouco do fazer às vezes jornalístico às vezes literário de uma estudante de jornalismo.

Cada um de nós corresponde a uma veia do jornalismo contemporâneo. Estamos em formação acadêmica, mas já nos arriscamos por nossas habilidades para falar sobre os assuntos que despertam nosso interesse: Literatura, Educação, Música e Cultura Popular.

Além disso, brincaremos por aqui com os conceitos que envolvem a prática jornalística. Nossa intenção é mostrar ao público consumidor dos meios de comunicação de massa que o jornalismo abraça sim o retrato da realidade, mas antes disso, o jornalista é tão humano quanto qualquer outro operário e por isso possui também uma forma muito individual de ler os fatos para repassá-los a população. Ao fim, vocês perceberão o quanto é difícil julgar a mídia e defender cegamente o exercício pleno do jornalismo.

Sendo assim, volta e meia nosso jogo aqui será esse: quatro jornalistas falando sobre um mesmo fato. Vocês verão como cada um retratará ao seu modo a pauta, sempre lutando para não se desviar ou escapar do fato em foco.

E então, vamos começar? Então que tal falarmos de blogs e comunicação? Pois bem, inauguramos o "De Nós Tudo" com a cobertura do II Encontro de Blogueiros e Mídias Livres do Maranhão.

Sigam-nos e descubram em três olhares o que foi a segunda edição do ENBLOG-MA.