Quando a forma potencializa o conteúdo

sexta-feira, 18 de junho de 2010 às 8:28 AM
Dvd’s, data-shows e internet em sala de aula são as novas ferramentas didáticas para ensinar matérias tradicionais à geração multimídia. Para isso surge um novo profissional no mercado: o técnico em multimeios didáticos.


Eles não desgrudam do celular. Durante a aula, os mais variados aparelhos são facilmente notados em cima da mesa junto dos estojos de canetas e dos cadernos de anotações. No intervalo, essa garotada corre ao laboratório de informática para um bate-papo no MSN, uma vasculhada no Orkut e uma postagem rápida no Twitter. Falamos da nova geração de estudantes, que sempre que possível, mantém-se ligada ao mundo por intermédio da tecnologia.

Para acompanhar essa turma, que mesmo na escola parece não querer se separar dos aparatos tecnológicos, professores têm trabalhado junto com novos profissionais da área de educação para apresentar os tradicionais conteúdos de aula de forma nova e instigadora para essa turma que não vive separada da tecnologia. E isso significa mais do que usufruir de recursos como data-shows, scanners, laboratórios de informática e de audiovisual. Significa incorporar ao quadro de funcionários o técnico em Multimeios Didáticos, que é o profissional que auxilia o professor na melhor forma de transpor conteúdos para as linguagens oferecidas pela tecnologia.

Para Fernanda Martins, pedagoga do Campus Centro Histórico do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), o profissional habilitado para trabalhar com multimeios atua não só com o manuseio da tecnologia, mas também criando suporte para a aula, auxiliando o professor na preparação de novas metodologias e criando um ambiente favorável para a utilização dos recursos de forma realmente didática. “O técnico em Multimeios Didáticos é o profissional que pode sentar junto do professor e ajudar a preparar as aulas, porque ele é um educador tanto quando o professor”, explica Fernanda.

Segundo a pedagoga, estes profissionais são importantes no mercado porque vem suprir uma lacuna na formação dos mestres de sala de aula: o conhecimento didático para o uso da tecnologia. “O uso correto dos aparatos tecnológicos em sala de aula faz toda a diferença no processo ensino-aprendizagem, porque estimula os estudantes a procurarem saber mais, torna a aula mais atrativa e o professor obtém melhores resultados com a assimilação do conteúdo.” Nesse sentido, Fernanda lembra que o técnico em Multimeios Didáticos cumpre sua função quando melhora as ferramentas que estão a disposição do professor para dar mais corpo às aulas. “Ele aproxima a abordagem dos conteúdos das experiências dos alunos fora de sala”, afirma considerando que hoje a escola se relaciona com uma geração multimídia, que fora da convencional sala com quadro branco, usufrui com habilidade de meios avançados do mundo da informação. “Então a escola se aproxima desses jovens buscando nas experiências deles uma forma de diálogo”, explica a pedagoga.


Novidade no mercado profissional

A oferta desses novos profissionais em São Luís, no Maranhão, ainda significa novidade entre as instituições de ensino. Muitas delas são equipadas com laboratórios de multimeios e até dispõem de funcionários trabalhando na área operacional, com montagem e manutenção dos equipamentos, mas atuando didaticamente, junto ao corpo docente, ainda é raridade.

O Instituto Federal do Maranhão deu início a primeira turma do curso técnico de nível médio em Multimeios Didáticos em 2008, através do Campus Centro Histórico. O curso tem duração de dois anos, sendo o último módulo de estágio obrigatório. Segundo Triciane Rabelo, técnica em Assuntos Educacionais do campus em que o curso é oferecido, para encaminhar esses novos profissionais ao mercado de trabalho, o IFMA realizou junto as escolas de São Luís um trabalho de sensibilização para apresentar a forma de atuação do técnico em Multimeios Didáticos. “Apresentamos o curso e o conceito desse novo profissional para viabilizar o estágio dos nossos alunos e mostrar as escolas o valor que a atuação deles agrega ao trabalho do professor. O resultado foi que nossa melhor aluna foi efetivada ao fim do estágio.”, afirma Triciane.

Até mesmo entre os campus do Instituto Federal do Maranhão, o profissional é novidade. “Nós temos os laboratórios equipados, mas agora com o curso, nossos próprios alunos estão estagiando conosco”, comenta a técnica.

Entre os alunos, conhecer o curso de Multimeios Didáticos foi uma surpresa boa. Para Cláudio Mendes Santos, 18, que conclui o ensino médio em 2009 e logo em seguida foi aprovado no seletivo do IFMA para o curso técnico, a escolha por Multimeios Didáticos nem estava entre as primeiras opções, mas por curiosidade com o campo e com a chance de cursar, Cláudio acabou mudando de ideia e ampliando a visão em torno da tecnologia educacional. “Agora quero seguir a área de sistema da informação, desenho industrial e especialização em designer gráfico”, planeja o jovem que considera o fato de poder trabalhar com professores uma das características interessantes do curso. “E também porque é muito amplo, tem de tudo. Dá pra trabalhar com informática, tv, rádio, cinema, fotografia, fora as oficinas culturais que participamos”, enumera.

Na grade curricular do curso, as principais disciplinas abordam história da educação, filosofia e antropologia aplicadas ao estudo do homem e da cultura, metodologia de projetos, relações interpessoais, psicologia da educação, direito administrativo e segurança do trabalho.

Mídias na Educação

Entre os dias 10 e 12 de junho de 2010, o Congresso Regional da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares em Comunicação (Intemcom) realizado em Campina Grande –PB, abordou o uso das tecnologias da informação como formas de inclusão social se aliadas aos processos educacionais. Para isso, a Intercom reuniu pesquisadores, professores, profissionais da comunicação e estudantes dos nove estados da região nordeste para debater como a comunicação está se aproximando da educação através da tecnologia e da promoção da cidadania dentro das escolas.

Durante a conferência de abertura, na noite do dia 10, o professor Ismar de Oliveira Soares, professor e pesquisador do Núcleo de Comunicação e Educação da ECA/USP explanou sobre o campo de atuação da Educomunicação, que consiste na criação de ecossistemas comunicativos dentro da sociedade com o uso de canais de comunicação, como produção de jornais, revistas e programas de rádio. Nesse sentido, Ismar comentou a educom dentro da escola e os índices de abandono escolar, inclusão digital e uso de tecnologia. Para o professor, além de inserir a educação para mídia nos currículos escolares, as instituições de ensino tem que estar alinhadas ao uso correto das tecnologias.

“O professor tem que motivar seus alunos e pode fazer isso com o suporte da tecnologia”, afirmou Ismar, acrescentando que o abandono escolar não é motivado pela ausência de tecnologia, mas sim pelo mau uso dela. “Pesquisas apontam que o investimento nas TIC’s não estão dando resultado, mas isso acontece quando os alunos não encontram novidade nos recursos apresentados durante as aulas.”, afirma retomando a necessidade da escola se aproximar das experiências e da realidade dos alunos.

Charge retirada do Twitter @comunicadores

Nesse contexto, quem faz a diferença, gerindo o corpo que potencializará o conteúdo é o profissional que o manuseia, e aí pode ser tanto o professor, quanto um educomunicador quanto um técnico em Multimeios Didáticos, porque é a capacitação do recurso humano que vai ditar o ritmo que motivará mudança no cenário de uso da tecnologia na educação.

Programa Rede Mídia - Educomunicação

O objetivo do programa Rede Mídia é ser um fórum de debates sobre todas as nuances e formatos da comunicação. O programa é semanal, com duração de 30 minutos, ancorado pelo jornalista Rogério Faria Tavares, e com a participação de convidados a cada edição. Transmitido pela TV Rede Minas, canal 9 em Minas Gerais. O público-alvo é formado por jornalistas, estudantes e telespectadores interessados nos bastidores da informação.


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Leia Mais...


Mídias na Educação

Educomunicação

Catálago Nacional de Cursos Técnicos - Eixo Tecnológico: apoio educacional

O Velho Almaço - por Max de Medeiros


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Ficha Técnica
Produção: Saara Sousa e Fernanda Fernandes
Entrevistas: Saulo Galtri
Crônica: Max de Medeiros
Redação Final: Talita Guimarães

O Velho Almaço

quinta-feira, 17 de junho de 2010 às 8:16 PM

O Velho Almaço

por Max de Medeiros[1]

Esta semana reencontrei um velho amigo dos tempos passados. Um cara que me foi bastante útil, mas que agora vive esquecido pelos jovens da geração internet. O bom e velho Papel Almaço, quem se lembra dele? Aquele nosso amigo dos trabalhos escolares, que nos acompanhava até a biblioteca, onde nos debruçávamos sobre os livros para escrever à mão páginas e mais páginas.

Não sei, mas acho que toda crônica tem que ter um ar de saudade, é a nossa inspiração, ou saudade do passado ou saudade do futuro. E quando escrevemos sempre acontece uma coisa legal, colocamos sempre uns óculos para observar o objeto, o tempo e o espaço, e as coisas se revelam de uma forma bastante diferente. Só para constar, escrevo em um editor de texto no computador, não em um Papel Almaço.

Encontrei meu velho amigo em uma escola pública de São Luís. Percebi que grande parte dos alunos da rede pública utiliza os computadores, as lan houses, para realizarem suas pesquisas, mas pelo custo da impressão ainda continuam fiéis ao Almaço.

Mesmo assim, observando os alunos de hoje, principalmente os de escolas privadas, percebemos como as coisas mudaram e como os estudantes ganharam autonomia em todos os sentidos. E isso traz aspectos bons e outros ruins, como quase tudo na vida.

Atualmente, o processo de educação vem se desenvolvendo bastante, principalmente em virtude da introdução da rede mundial de computadores (que termo global, hein!?). Mas, todo processo desenvolvimentistas vem acompanhado de perdas inimagináveis. Talvez essa seja uma idéia romântica dos saudosistas e tradicionalistas, mas nossos companheiros do passado, como o Papel Almaço estão, de fato, sendo esquecidos.

No campo das pesquisas acadêmicas em comunicação, a bola da vez é a discussão da Educomunicação, ou seja, a análise dos processos comunicacionais no processo de ensino-aprendizagem a partir das prerrogativas práticas da Comunicação Social. É curioso quando os campos de conhecimento se interrelacionam e, neste caso, a contribuição para a pedagogia é inegável.

Só que o problema é onde estão nossos alunos, cidadãos com direitos, humanos com necessidades, nessas discussões teóricas?

Fui convidado a monitorar aulas de Educomunicação, mesmo não sendo especialista no assunto, em uma escola pública da cidade, onde reencontrei meu velho amigo. Apesar de ainda um elemento presente desses alunos, o Papel Almaço vem perdendo seu espaço gradativamente. No final das contas, acho que talvez eu seja um romântico tradicionalista ultrapassado e, acima de tudo, um hipócrita, porque também utilizo o computador ao invés do Papel Almaço, inclusive aqui e agora, mas esse processo é bem mais complexo do que parece.

Preciso destacar uma coisa da minha breve experiência com os alunos da rede pública de ensino. De fato, constatei que não existe comunicação no processo ensino-aprendizagem nessa escola pública. As relações dentro da sala de aula são definitivamente estruturadas através de uma verticalização de posições, onde os professores estão no topo, munidos do seu “conhecimento”, e os alunos estão na base, como indivíduos sem conhecimento que têm o dever de digerir o conhecimento ofertado. E os alunos estão condicionados a isso.

Simplificando a discussão, acho que encontrei aqui a problemática para os educomunicadores: estabelecer condições para que a comunicação seja efetivada entre professores, alunos e a comunidade, pois o processo de aprendizagem não pode estar às margens do tempo e do espaço no qual se realiza.

Ainda que talvez tenha encontrado o fio da meada e apesar de ter tentado estabelecer um processo de comunicação horizontalizado entre eu, enquanto professor, e os alunos, descobri logo no segundo dia de aula que não sou educador, pelo menos não na perspectiva escolar e pedagógica. Ser educador, nesse sentido, é uma arte que não se encontra em todos os comunicadores, e eu, definitivamente, não tenho o dom para isso.

Ah, tenho que destacar que minha segunda aula (e última) terminou em uma guerra de bolas de papel incontrolável, dignas daqueles filmes das tardes brasileiras. Mas, sinceramente, espero reencontrar o meu velho amigo Papel Almaço fazendo novas amizades pelas salas de aula do país, das escolas públicas às privadas, convivendo com as novas tecnologias da informação, pois o papel ainda é uma importante ferramenta nesse processo comunicação/educação.



[1] Max de Medeiros Soares, estudante de Comunicação Social e pesquisador na área de Folkcomunicação (Comunicação Popular). Após uma breve viagem pela área da Educomunicação, compreendeu parte das dificuldades enfrentadas pelo sistema de educação brasileiro, que serviram para reafirmar sua vocação pelas pesquisas no campo da cultura popular.

Saudade e Tecnologia

segunda-feira, 17 de maio de 2010 às 11:21 AM
Manter um Blog não rentável financeiramente é complicado. Conseguir tempo para escrever no corre-corre diário é quase impossível, mesmo pra gente que trabalha com comunicação e passa o dia inteiro escrevendo textos e mais textos. Mas a ideia do Blog, enquanto espaço livre para divulgação de informação na sociedade moderna, é fantástica. Principalmente para aqueles que gostam de compartilhar suas inspirações com o mundo. E em um blog, essa noção de mundo não é abstrata, mas real no seu sentido mais virtual, estamos permanentemente conectados com o mundo.
Apesar da falta de tempo, devo confessar que às vezes tenho (ou recebo) a inspiração para escrever algumas coisas, muitas que sequer vão parar no papel, ou na tela do computador, mas que me animam para movimentar o espaço do nosso blog. Se o meu dia ainda tivesse 24 horas, e meu final de semana ainda tivesse dois dias, tenho certeza que eu conseguiria escrever mais.
Acho que saudade seria um tema bastante presente nos meus textos, acho que saudade será sempre um assunto recorrente nos textos de escritores, poetas, cronistas e, por que não, jornalistas. Pois, cada vez mais vivemos de lembranças, vivemos relembrando como éramos felizes, talvez porque as novas tecnologias não substituam por completo a relação que tínhamos com o mundo. A internet, por exemplo, não é capaz de proporcionar a emoção do contato físico do primeiro beijo, ou das primeiras paqueras na escola, ou mesmo a felicidade ingênua de uma brincadeira de rua passada dos mais velhos para os mais novos (quem nunca foi o café com leite da turma?).
Mas, enfim, crescemos, e isso é inevitável. Nossas necessidades mudam, nossos objetivos se concentram nas características da economia capitalista e somos obrigados a nos tornar pessoas frias, práticas e materialistas. Que legal seria se pudéssemos passar o dia inteiro brincando com os amigos, primeiro “esconde-esconde”, depois “rouba-bandeira”, “polícia e ladrão” e “tacobol” até o finzinho da tarde, depois de nossa mãe ter gritado muito do portão de casa para a gente entrar para tomar banho. E depois do banho, voltar para frente de casa para brincar de outras coisas que não precisassem correr ou suar.
Ah, saudade!
Tenho saudades de muita coisa! De pessoas, de locais, de brincadeiras e formas de agir. Tenho saudades, por exemplo, de um espelho. É estranho, mas um simples espelho pode trazer muitas lembranças. Deixa-me explicar, a saudade não é, necessariamente, da estrutura do espelho, mas dos reflexos que ele emitia, da vida que ele retratava. O espelho seria como uma moldura de um quadro que rodeava uma cena que agora já não se repete. Um momento que ficou preso dentro do mundo dos espelhos, guardado como numa caixa de Pandora, de onde resta apenas a esperança de conquistarmos de volta momentos como este, uma caixa inviolável, um mundo que não pode ser acessível através de nenhuma nova tecnologia.
Não quero ser apenas uma máquina, ou melhor, uma pequena peça que faz parte de uma engrenagem que se movimenta eternamente da mesma forma para manter o sistema. Não me conforta a idéia de ser apenas um cérebro controlado por uma Inteligência Artificial, que retira de mim a energia suficiente para sua sobrevivência, controlando meus impulsos elétricos cerebrais. A realidade não pode ser transformada em uma ficção digital de relações vazias de emoções. E somos responsáveis por isso.
Saudades. Até quando vamos continuar sentido saudades? Ou um dia tudo será tão igual que já não sentiremos mais saudade?

O Samba é bom, melhor sou eu que gosto dele!

sexta-feira, 9 de abril de 2010 às 4:46 PM
De nós tudo em mais um dia postagem, ou seja, mais um dia que fomos ao mesmo evento para construir várias interpretações dos fatos. O dia é 07 de abril, e devo desculpar-me pelo atraso na publicação do texto, mas foi por um bom motivo, dia 08 foi meu aniversário, e me reservei o direito de não trabalhar, não escrever e nem sequer aparecer na faculdade.

Enfim, vamos ao que interessa: o fato. E, de fato, o fato é o dia 07 de abril, uma quarta-feira cheia de emoções, lembranças e expectativas. Nem sei bem por onde começar, as técnicas jornalísticas exigem que comecemos pelo mais importante, mas o dia 07 teve coisas muito importantes.

Bem, comecemos, então, pelo fato mais antigo. Um ano antes, 07 de abril de 2009, nessa manhã morria um dos maiores compositores de música popular do Maranhão. 07 de abril de 2010, uma data que marcou um ano da morte do compositor e cantor maranhense Antonio Vieira. Pela cidade não vi nenhuma referência sobre a data, os jornais e sites locais também deixaram o fato cair no silêncio revoltante do esquecimento. Um artista com mais de 300 composições, sambas que retratam a vida cotidiana do povo, as manifestações da cultura popular e as histórias de um homem que viveu buscando suas inspirações no centro histórico de São Luís.

Após uma recordação merecida ao mestre Antonio Vieira, fomos ao encontro de outro mestre. José Marques de Melo, doutor em comunicação, quase 50 anos de história no jornalismo. Toda essa história foi dividida com os alunos do curso de comunicação em uma palestra realizada no auditório do jornal O Imparcial, que marcou o início das comemorações dos 40 anos do curso de comunicação da Universidade Federal do Maranhão.

Crítica afinada, bom humor e muitas experiências, talvez esse seja um bom resumo do que foi a palestra do professor Marques de Melo. Ele traçou, de forma brilhante, o percurso histórico da televisão no Brasil, desde sua chega em 1950 até os dias de hoje.
Após a palestra, Nós tudo encerramos a noite ao som do samba. Em um dia que relembrávamos o maior sambista maranhense, Mestre Antonio Vieira, fomos até a praça Maria Aragão, no Centro da cidade, conferir o show da cantora, segundo ela própria nascida no Maranhão, Alcione Nazareth.

O show foi para a gravação do DVD da cantora, a praça estava lotada (mas lotada mesmo, inclusive a praça Gonçalves Dias que fica ao lado estava tomada de pessoas), e as músicas ecoavam pelo Largo dos Amores e chegavam aos meus ouvidos com uma estranheza inconfundível. 07 de abril, um ano da morte do Mestre Antonio Vieira, maior sambista maranhense, e uma das praças mais importantes da cidade estava lotada de pessoas admirando sambas que retratavam, em sua maioria, a cidade do Rio de Janeiro.

É estranho! Uma maranhense que trouxe ao palco os cantores Simoninha, filho do Wilson Simonal, e a banda Revelação para dividirem a cena, em uma noite na qual o esquecimento foi o palco principal para mim.

“Antonio Vieira foi um marco na história da música do nosso Estado. Para nós, cantores que vivemos da arte foi uma grande perda. [...] E que nós possamos guardar essa memória e preservá-la com muito respeito no Maranhão”, só para registrar, esse foi o depoimento da cantora Alcione, exatamente a um ano atrás, em entrevista ao portal Imirante.

Por falar em Mirante, o Governo do Estado foi um dos apoiadores da gravação do DVD da cantora Alcione, e ao final da festa teve a participação da Companhia Barrica. Não que estes fatos tenham alguma relação entre si.

Enfim, véspera do meu aniversário, esse foi o dia 07 de abril de 2010. De Antonio Vieira à Alcione, passando pelo Professor Marques de Melo. Como diz uma amiga dos tempos do Centro de Cultura Popular: “O importante é participar, não importa como!”. Valeu e até a próxima.

JOSÉ MARQUES DE MELO E ALCIONE EM SÃO LUÍS

às 4:00 PM

Do conforto da academia à dureza da prática

Vida de foca é um mar de descobertas. Sim, é muito empolgante descobrir a profissão tendo a chance de freqüentar a academia e o mercado ao mesmo tempo. “De nós tudo” que o diga. Entretanto poder se colocar entre esses cenários e participar das discussões decorrentes de pesquisas e estudos proferidas pela voz da experiência é algo indispensável a boa formação profissional.

Na última quarta-feira (07), “nós tudo” teve a chance de assistir a palestra-aula do renomado professor Dr. José Marques de Melo no Auditório do jornal O Imparcial, no Renascença. O evento fez parte da comemoração dos 40 anos do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão e discutiu a história da evolução da televisão no Brasil.

A partir do tema “Televisão no Brasil: 60 anos de ousadia, astúcia e inventividade”, o alagoano Marques de Melo percorreu os principais acontecimentos referentes ao desenvolvimento da televisão desde as primeiras transmissões no Brasil, na década de 50. A cada período de dez anos, Marques de Melo conferiu uma definição que representasse a evolução da programação e do aparelho na história brasileira. Assim, mesclou seu amplo conhecimento acadêmico, fruto de pesquisas e estudos, a experiência pessoal como telespectador.
Amante confesso de telenovelas, o professor também usou de bom humor para envolver a platéia, tomada por estudantes, professores de comunicação e jornalistas locais. Deu uma aula sobre a história da televisão passando perspicazmente pelos comentários pontuais de feitos memoráveis do telejornalismo e dos estudos que surgiram à medida que a televisão se tornava popular. Falou da contribuição do pernambucano Luiz Beltrão na academia aos recentes estudos desenvolvidos em mestrados e doutorados pelo Brasil. Lembrou aos estudantes da importância de humanizar a televisão e encerrou a aula falando sobre sua atual missão: resgatar a memória da televisão brasileira.
Não é todo dia que a comunicação maranhense recebe um estudioso do porte de José Marques de Melo. Felizmente, “nós tudo” pode acompanhar mais essa discussão importante e ouvir o que um professor titular da Cátedra Unesco tem a dizer. Confesso, entretanto, que fiquei desapontada com a platéia. Sobraram alguns lugares, em um espaço que merecia ser mais disputado. Alguns integrantes abandonaram a platéia no meio da fala do palestrante. Talvez por outros compromissos, não devemos julgar. Mas que um raro momento desses deveria ter alguma prioridade na agenda de acadêmicos e profissionais, ninguém pode negar.

Mas entendemos. Não podemos negligenciar a dureza da prática que cancela compromissos e sufoca a teoria.
Logo depois da palestra, “nós tudo” seguiu para a Praça Maria Aragão e rapidamente pode observar a comprovação desse fato. Acontecia na referida praça a gravação do DVD da cantora Alcione. Diga-se de passagem, o primeiro DVD da maranhense gravado em sua terra.
O show, soou como um ensaio, onde o público reunido gratuitamente agia feito figurante e era levado a esperar entre uma música e outra enquanto ajustes técnicos para a gravação do DVD eram feitos. Fora a repetição das canções, que grande parte do público não cantou por não conhecer mesmo. E receio que parte daquelas pessoas talvez nem sequer conhecesse a cantora ou uma mísera música de seu repertório.

Mas essas minhas considerações realmente não interessam muito a grande massa que assistirá a matéria sobre o show no dia seguinte. Nem é papel do jornalista estar opinando assim, de forma tão direta. Mas como estávamos lá no posto de observadores (e não fãs), podemos comentar o ambiente observado e trocar opiniões.
Foi aí que nos deparamos com a dureza da prática jornalística. E quando falo dureza da prática é dureza da prática literalmente. Presenciamos a experiente repórter da TV Mirante (afiliada da Rede Globo no Maranhão) Regina Sousa sentar no patamar da Praça Gonçalves Dias, no alto da praça Maria Aragão, acompanhada do câmera para gravar uma passagem com um ângulo razoável do show. Dura vida de repórter de tv. Não basta cobrir um show lotado já quase meia noite de uma quarta-feira. E não basta ter um texto bom, na ponta da língua para gravar em meio ao barulho ensurdecedor da super-aparelhagem de som. Tem que escalar o público e sentar-se perigosamente em um muro para concretizar o trabalho. É quando saímos do conforto da teoria e da academia para a dureza da prática, onde o que vai fazer a diferença no produto final é a capacidade de improviso e o jogo de cintura. Literalmente.

Histórias do primeiro mochilão "De Nós Tudo!"

quarta-feira, 31 de março de 2010 às 9:31 AM
Pinheiro, impressões deixadas pela Princesa da Baixada

Inaugurando o momento jornalismo mochileiro, trago um pouco do encanto da viagem à cidade maranhense de Pinheiro, que recebeu no fim de semana retrasado o II ENBLOG-MA. Segue agora um pouco da impressão da viagem, recheada de pequenas reflexões do primeiro mochilão intermunicipal da foca que vos escreve.

Como nascem os blogueiros
Foi só ter a caixa de e-mail bombardeada com os convites do II ENBLOG e ver a lista de nomes confirmados crescer, que eu e meus amigos focas de plantão resolvemos definir nossa singela participação no evento. Até esse momento, eu era a blogueira mais “experiente” do quarteto de mochileiros. Mantenho a quase dois anos o blog “Ensaios em Foco”. Em segundo lugar vinha nosso companheiro Saulo Galtri, que infelizmente não nos deu a honra da companhia na viagem, mas mantém a alguns meses o “Clube dos Cachos” e logo estará por aqui fazendo coro ao "De Nós Tudo!". Caçulinha entre os blogueiros, Max de Medeiros, nos acompanha, mantendo desde o início desse ano, o “Blog de Nhozinho”. E encerrando a filinha, a blogueira recém-nascida Saara Sousa, idealizadora deste nobre espaço democrático que chamamos “De nós tudo!”.

Dispondo todos de nossas devidas carteirinhas “Sou blogueiro, sim senhor!”, combinamos de pôr o pé na estrada e seguir rumo a famosa Princesa da Baixada, cidade maranhense de Pinheiro, encontrar pessoalmente nossos nobres colegas virtuais. Fora isso, sendo todos nós, estudantes de jornalismo, o evento por si só já nos interessaria pelo debate em torno da comunicação. Mas como já foi dito por aqui, o encontro teve outro viés, e descobrimos isso na prática. Em todo o caso, a viagem não foi perdida.

Jornalismo mochileiro que se preza se informa antes
Muito bem, como boa e velha curiosa que sou (leia-se perfeccionista, desconfiada e medrosa) resolvi pesquisar sobre a cidade para a qual íamos viajar, assim que decidimos participar do Encontro de Blogueiros.

Pois bem, Pinheiro fica a cerca de 333 km da capital São Luís e para chegar até a cidade, precisamos de apenas três horas de viagem. Primeiro, pegamos o ônibus no terminal rodoviário do Anel Viário em São Luís e levamos cerca de 30 min para chegar até a Ponta da Espera, no bairro Itaqui-Bacanga, onde pegamos o esperado ferry-boat às 17h em ponto.
“Na hora do lunch, eu ando de ferryboat...”*
Mochileira de primeira viagem, eu nunca havia viajado de ferry e passei a semana anterior a viagem cantarolando o “Samba do Approach”* do maranhense Zeca Baleiro para disfarçar o medo da travessia de uma hora na tal balsa gigante. Acabou que medo foi a última coisa que senti ao pisar no ferry-boat “São José”, providencialmente disponível para nossa viagem exatamente no dia 19 de março. Dia de São José Operário e dia da Escola. Tudo a ver. Três estagiários em busca de algo que somasse ao conhecimento acadêmico. Estávamos protegidos e fomos com fé.

A travessia foi tranqüila, regada ao papo sobre infância e desenhos animados. No ferryboat tem televisão, lanchonete e um grande espaço para os passageiros irem muito bem acomodados. Mas eu não quis saber muito de assistir o Aladim que passava na Sessão da Tarde daquela sexta-feira, então depois de lancharmos, arrastei Saara Sousa e Max de Medeiros para frente do ferry, onde fomos pegando vento no rosto e curtindo a paisagem com direito a muita água do Canal do Boqueirão e pôr-do-sol.
Já em terra firme...
Aportamos no povoado de Cujupe, pertencente ao município de Alcântara, por volta das 18h e retornamos ao ônibus, (que viajou no ferry junto com a gente!) para mais uma hora de estrada.
O motorista, conhecedor dos percalços das estradas maranhenses, passava por cima dos buracos sem dó. Mas até que a MA 106, que nos leva até a baixada maranhense, não estava em um estado de deixar nós mochileiros, chacoalhando sem parar nos assentos. Mais um trecho de viagem tranqüila e finalmente chegamos em Pinheiro.

Pinheiro-MA em Foco
Minha impressão da cidade? A primeira vista, ao descer do ônibus e caminhar alguns metros, nada muito discrepante em relação a alguns bairros mais estruturados de São Luís. Avenidas largas, muitas farmácias, comércios, lanchonetes, bares, lan houses, hotéis e pousadas. Chegamos a Praça José Sarney (sim, ele também já esteve por lá, aliás, foi de lá que ele saiu. Pinheiro é a terra natal do ex-presidente) e paramos para um lanche na fofíssima rede de lanchonetes local Disney Lanches. Durante os três dias, fiquei como criança em parque de diversão, olhando em volta sem parar e querendo brincar em todos os brinquedos. Andamos pela cidade e curtimos muito a tranquilidade em que vivem as pessoas das cidades do interior. Permanecemos por lá de sexta a noite até domingo a tarde, e pelas nossas andanças percebemos uma cidade estruturada em termos de comércio e aparentemente organizada em termos de órgãos públicos com fachadas bem construídas, ruas sinalizadas, parques e praças identificados. Restou saber se durante o ano as coisas realmente funcionam e atendem a população satisfatoriamente.

Ainda assim, uma coisa é certa: Pinheiro é princesa por natureza. Foi impagável sentar às margens do Rio Pericumã, que corta a cidade, e deixar a vista se perder no campo, entre os muitos cavalos e búfalos que de longe pareciam pontinhos brancos e pretos na imensidão verde do pasto.

Foi bom ver crianças tomando banho de rio, mulheres lavando roupas e canoas passarem de tempos em tempos levando pescadores ou pessoas com sacas de alimentos. Foi relaxante olhar para o rio e ter certeza, encarando aquelas águas aparentemente calmas, mas de alertada correnteza, que “ninguém toma banho duas vezes no mesmo rio.” Não seríamos mais os mesmos, nem o rio.
Infelizmente, os maus hábitos dos homens estão presentes em qualquer lugar. Uma canoa motorizada passou agitando a água. Alguns rapazes, ocupantes da canoa, faziam barulho e dividiam uma garrafa de bebida. A sacola plástica que envolvia a garrafa foi deixada pra trás, na água, na nossa frente.
E fiquei pensando. Desde antes daquele momento já não éramos mais os mesmos. Talvez aquela vista, durante aqueles minutos ali deixados, tivéssemos nos tornado melhores em alguma coisa. Mais sensíveis. Talvez, mais humanos. Mas e o rio com homens por perto? Daqui a quanto tempo não será mais o mesmo?
Outra reflexão que fiz entre os momentos em que perdia a vista entre o rio e o campo foi o motivo que nos levou até ali. O real motivo era a realização do II Encontro de Blogueiros e Mídias Livres do Maranhão, que a cidade sediava. E pensei, como pode, uma blogueira e estudante de jornalismo como eu, nascida e criada na capital, ter que ser levada a uma cidade de natureza tão viva pela tecnologia. Será que foi preciso conhecer primeiro o ciberespaço, com suas ferramentas que levam um mundo para dentro de casa, para depois saber que existe um rio, um campo, muitos cavalos e uma paz incrível a três horas de casa? Realmente, fiquei surpresa comigo mesma.
Da viagem, de apenas três dias, ganhamos um fim de semana de paz e muitas reflexões. Relaxamos da vida corrida na capital e conversamos muito. Também demos espaço ao silêncio, andamos pela cidade sem pressa e esquecemos por três dias o que é rotina e horários a cumprir.
Descobri um pedaço de paraíso no Maranhão e que preciso viajar pelo estado sem pretexto. Apenas pelo prazer de conhecer minha terra. É o que realmente vale a pena.
Vida sem relógio
Não levei relógio para Pinheiro. Sim, amigos! Vitória! Consegui me desgrudar da rotina por três dias. Apesar de cumprirmos horários em virtude do Enblog.

Mas não é bem sobre cumprir rotinas de olho nos ponteiros do relógio que escrevo. Falo sobre o tempo. Viver sem pressa. Que coisa boa foi andar pela cidade depois da palestra e não ver o tempo passar. Acordar e pensar em nada, em nenhum compromisso firmado para a noite. Viver os dias pelo prazer de seguir em frente pra ver o que iria acontecer. Sem relógio, sem agenda, sem rotina. Foi, sem dúvida, a melhor experiência que já tive em uma viagem.
Não houve uma melhor parte, nesses três dias. Tudo foi válido. A caminhada na noite da chegada com as mochilas nas costas pela rua grande pinheirense, uma avenida larga que tem três nomes de acordo com trecho. A manhã de sábado às margens do Pericumã. O almoço muito bem servido pela gentil acolhida na casa de Dona Maria. A tarde de palestra no Enblog. A noite na Pizzaria do Babá, onde por incrível que pareça comemos piaba e traíra, em vez da massa. A longa caminhada de volta, regada a gargalhadas das histórias de primo e infância no interior. Dormir tarde e nem se estressar se no domingo acordaríamos cedo. Mesmo sem despertador, acordamos cedo sem explicação. Curtimos a ida a feira da cidade como um passeio por um mundo novo. De barraca em barraca, fomos comprando babaçu, cupuaçu, pimentas, pitombas e coisinhas que até achamos em São Luís, mas naquele contexto, tinham um gosto especial.
Provei macaúba e me apaixonei pela farinha biriba. E olha que sou maranhense, mas nunca gostei de farinha. Andamos sem pressa e respiramos ar puro. Voltamos pra “nossa casa” em Pinheiro e assistimos televisão conversando enquanto o almoço era preparado. Mais fartura e gentileza. Nos sentimos em casa.
“Tudo que é bom dura pouco e não acaba cedo...”*
Ainda bem que Biquíni Cavadão* colocou em palavras o que eu senti depois de partir de Pinheiro. Apesar de não termos pressa, o tempo passou e pareceu, depois de nossa volta à rotina, que foi tudo muito rápido. Mas bem diz a frase, pode ter durado pouco, mas não acabou. Não findou a vontade de voltar à princesa da baixada e curtir mais alguns dias por lá. Não cessou a vontade de seguir para mais mochilões intermunicipais que caibam em fins de semana. Não teve fim a lembrança do rio, do campo, da tranquilidade.

Depois que algo para de acontecer, restam lembranças. Estas podem não acabar logo em seguida. Podem durar ainda muito tempo. Podem se transformar em coisas novas. Basta que esse fio de esperança não desvaneça e seja prolongado com novas idéias colocadas em prática.
Quem sabe voltaremos a Pinheiro. Alcântara também merece uma visita, assim como Barreirinhas, Carolina... Acho que essa história não acaba tão cedo.

Expectativas a mil

terça-feira, 30 de março de 2010 às 10:37 AM

Grandes feitos. Grandes decisões. Ações, planos...

No início tudo gira entre a expectativa e a realização. Assim três mochileiros partem de São Luís rumo ao certo e ao mesmo tempo duvidoso caminho traçado dias antes durante um papo jogado fora sobre sonho, idéia, viagem e blog. Eram quase cinco da tarde e a viagem começa, pronto! Já não dá pra voltar, e com expectativas a mil seguem até a cidade de infância de um deles, Pinheiro-MA. Essa é a parte certa... “indo de volta para casa”. Mesmo que por apenas dois dias, 20 e 21 de março, dias de realização do segundo ENBLOG, encontro de blogueiros do Maranhão.

“Essa viagem vai ser massa!”, a frase de um dos mochileiros resumiu o estado de espírito de todos, porém o sucesso da viagem ou do ENBLOG se deu bem distante do auditório da cidade, onde seria o palco de discussões, debates sobre mídias livres e democratização da mídia, essa sem dúvida, era a parte duvidosa da viagem. E logo na primeira manhã do evento tornou concreta nossa suspeita do fiasco político que seria. Horários não cumpridos, atividades que não condiziam com o anunciado, foi o caso da tão esperada piabagem, que na moral, seria apenas o oposto de trairagem. Para quem não sabe o que significa o termo trairagem, na gíria popular maranhense é sinônimo de traição, “171" e por aí vai. Vale lembrar a pajelança virtual, isso mesmo, essa de cara seria a melhor realização de todos os tempos, estávamos pensando até mesmo no computador que seria usado para tal feito e terminou em, como posso descrever sem deixar o sarcasmo me consumir? Uma atração musical. É, sou bastante generosa!

No entanto, vou me ater a parte certa da viagem para encerrar este primeiro e modesto post. Pinheiro se mostrou uma cidade além das expectativas e uma recepção de dar inveja a qualquer mochileiro. Lugares singulares, momentos únicos, conversas a beira do rio Pericumã regados de uma dose de saudosismo e nostalgia, a deliciosa experiência culinária da piaba frita são fatos que certamente não nos sairá da memória, aos que possam imaginar ter sido um total fiasco a viagem a Pinheiro nos valeu imensamente sem dúvida, pelas lembranças revividas de uma tarde de balanços e escorregas do parque do Babaçu, da tranqüilidade de ir além dos limites até então estipulados, de debater, mesmo que entre poucos, os conceitos e realidades acerca da ideologia política do nosso estado e principalmente por estar entre os bons e sinceros amigos.

Assim futuros leitores assíduos do “DE NÓS TUDO”, irra! Despeço-me desejando a todos um ótimo dia!

Comunicação, política e lazer: é de nós tudo!

segunda-feira, 29 de março de 2010 às 9:01 AM
É isso aí, este é o lançamento do Blog De Nós Tudo!. Uma idéia que surgiu na sala de aula do curso de jornalismo e que agora vai tomando forma. Somos quatro jovens jornalistas em busca de um novo olhar sobre os acontecimentos, sem as amarras das técnicas jornalísticas ou da dinâmica do mercado nas grandes empresas do ramo. Ou seja, faremos jornalismo, mas de maneira livre, leve e descontraída.

Para o lançamento do Blog “De Nós Tudo!”, decidimos escrever, todos, sobre o mesmo assunto: uma viagem à cidade de Pinheiro-MA feita pelo grupo, para participar do Segundo Encontro de Blogueiros e Mídias Livres do Maranhão (II ENBLOG-MA), que aconteceu nos dias 20 e 21 de março de 2010. Não haveria assunto melhor para lançar um Blog do que falar sobre um encontro de blogueiros, mas a história não aconteceu exatamente assim...

Para começar preciso voltar à semana anterior ao encontro, quando “Nós Tudo!” estávamos na Faculdade e ficamos sabendo sobre o evento e as discussões que seriam lançadas, principalmente acerca da importância da comunicação livre. Foi assim que foi surgindo a ideia de criarmos um blog, para nos expressarmos livremente, sem a necessidade de satisfazer um patrão, uma linha editorial ou uma audiência específica.
Diante disso, partimos, “Nós Tudo” de mochila nas costas, rumo ao encontro com outros blogueiros maranhenses. Depois de uma hora de ferry-boat e mais uma hora de ônibus, chegamos à Princesa da Baixada, Pinheiro-MA, cidade onde nasceu o ex-presidente da república José Sarney. Talvez essa fosse uma dica de que as coisas não correriam tão bem quanto esperávamos....

Durante as discussões do Enblog fomos percebendo o real objetivo do encontro. A questão comunicacional foi ficando em segundo, talvez terceiro plano, e o debate político recebeu a luz principal do espetáculo. Quer dizer, não sei se podemos chamar de debate quando apenas um lado fala.
No entanto, duas coisas me chamaram muita atenção durante o evento. Primeiro a “pajelança virtual”, que constava na programação. Imaginei que fosse alguma manifestação da cultura popular local, ou pelo menos um toque de tambor de crioula, já que Pinheiro tem um dos maiores festivais de tambor de crioula do estado, o festival do já falecido Zé Macaco. No entanto, a “pajelança virtual” resumiu-se a uma banda, em cima de um trio elétrico, tocando pop rock. Não quero desmerecer o talento da banda, mas nem de longe uma banda sobre um trio condiz com o termo "pajelança", no sentido popular da palavra.

A segunda coisa foi a “piabagem”, que também estava na programação do evento. Segundo os organizadores, “piabagem” é um ato de união entre os participantes, ao contrário de “trairagem”. Fazendo uma longínqua relação com algum pinheirense ilustre, que atualmente cria outros peixes no Senado Federal. Os termos, traíragem e piabagem, fazem relação com peixes típicos da cidade de Pinheiro, a piaba e traíra.

Mas, enfim, como nosso objetivo no encontro não era político, mas comunicacional, vou deixando esse assunto de lado para falar de outras coisas interessantes que aconteceram durante a viagem. Visitamos o rio Pericumã, à praça da Matriz, praça do Centenário e praça José Sarney, que durante o evento foi batizada de Praça Central, não sei bem porquê. Visitamos, também, a feira e o mercado municipal, onde “Nós Tudo!” aproveitamos para fazer algumas compras de produtos típicos da região, como a farinha biriba e as piabas.
Visitamos, ainda, o Parque do Babaçu, um local agradável para bater papo nos fins de tarde e levar as crianças para se divertirem nos brinquedos do parque, à sombra das palmeiras de babaçu. Ali, sentamos nos bancos e ficamos, durante alguns minutos, observando as crianças se divertirem, sendo embaladas nos balanços, subindo e descendo dos brinquedos, e escorregando para cair na grama.
Foi quando lembramos do nosso tempo de criança, assunto que foi e veio várias vezes durante a viagem, e logo bateu aquele saudosismo das coisas que fazíamos naquele tempo, as brincadeiras, os amigos, os programas de TV que assistíamos, tudo era muito diferente, talvez porque, naquele tempo, a gente não tinha vergonha de se sujar, de ser feliz. Mas, isso já é assunto para outra postagem...Pois bem, espero que você tenha gostado do blog, e volte, volte quantas vezes quiser, afinal o blog é “De Nós Tudo”. Meu nome é Max de Medeiros, e será sempre um prazer dividir experiências neste ciberespaço livre.

II ENBLOG por Talita Guimarães

domingo, 28 de março de 2010 às 1:16 PM

II Enblog: blogueiros reunidos por uma rede de mídias livres

A segunda edição do Encontro de Blogueiros e Mídias Livres, que aconteceu no último fim de semana (20 e 21/03) na cidade de Pinheiro na baixada maranhense, reuniu blogueiros, comunicadores e representações políticas para discutir os rumos da ferramenta de mídia livre no estado do Maranhão. Contudo, o encontro teve forte representação política e seguiu uma linha de debates em defesa da confrontação do sistema político estabelecido no estado com o uso de blogs.


A reunião teve por base a explanação em torno da relação histórica entre política e comunicação e a forma como essa perigosa união compromete o fazer jornalístico. Na palestra principal, ocorrida na tarde de sábado, a mesa foi composta por Edson Vidigal, Wagner Cabral, Robert Lobato, Roberto Rocha e Eri Castro. O tema em pauta era o uso do blog como forma de construção de uma sociedade socialista. No entanto, as falas dos palestrantes esteve envolta em um discurso de oposição política. A platéia foi, inclusive, convidada várias vezes a integrar a rede de mídias livres em prol da liberdade de expressão e da democracia na alternância de poder.


O Deputado Federal Roberto Rocha (foto) falou sobre o uso da mídia livre e da necessidade de expansão de lan houses para ampliar o acesso a rede. Comentou que ao político cabe a preocupação em levar à população o acesso a rede e ao comunicador a informação. Por fim, declarou apoiar as próximas edições do Enblog.

Em sua participação na mesa de debates, Edson Vidigal, ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça, traçou o percurso histórico da política no Maranhão sempre comentando em paralelo a evolução dos meios de comunicação e seu poder de propagação de ideais. Frisou que a mídia livre tem o poder de propagar ideais políticos e comentou que desde a invenção da imprensa, a humanidade se move numa lógica libertadora. Vidigal foi enfático ao relatar que rádio, televisão e cinema nasceram e permaneceram como veículos de manutenção caros, e por isso seus detentores sempre foram indivíduos ligados a alguma forma de poder. Nesse sentido, questionou que a comunicação preocupada com a cidadania perde o foco.Como contraproposta, o ex-ministro do STJ conceituou subversão no sentido puro de confrontamento da ordem estabelecida e encerrou sua participação concluindo que a mídia livre é "um meio pacífico de anacronismo político" e que "neste contexto o blog é sim um meio indispensável para a subversão pacífica".A idéia do encontro começava, assim, a definir seus contornos: fortalecer o uso da mídia livre formada pela oposição política e agrupar mais pessoas nessa prática. E nesse ponto “Nós Tudo!” nos perguntávamos: mídia livre até que ponto? Talvez, livre no sentido de todo e qualquer cidadão dispor de seu acesso e as idéias ali apresentadas não serem censuradas. Bem, então mídia livre sim, mas isenta não. Se há interesse pela tomada de poder, certamente haverá apenas um lado da história.

E assim, a palestra prosseguiu. O discurso de Vidigal foi endossado pela fala seguinte, do professor do departamento de História da UFMA, Wagner Cabral. O professor, dentro de sua área de conhecimento, falou sobre o confrontamento de oligarquias desde Vitorino Freire e lembrou como a comunicação sempre foi usada como ferramenta de divulgação e promoção política. Abordou a necessidade de uma democratização da comunicação e alertou para a concessão de veículos de comunicação ser dada a políticos no Brasil. Passeou pela censura ditatorial, o conceito de big brother como sociedade vigiada e o cuidado ao expressar posicionamentos que podem ser interpretados de várias formas diferentes. “Tudo o que nós dizemos pode ser interpretado de outra maneira, ser transformado em metáfora ou alegoria.”, afirmou Cabral.

O professor falou ainda sobre a forma como os blogs podem manipular informações e citou como exemplo uma pesquisa divulgada nos blogs de Walter Barros e Marcos D’eça em que índices apontavam benefícios da administração da atual governadora do estado do Maranhão. Segundo Cabral, a pesquisa era falsa. Não havia registro da pesquisa ter sido realmente feita. Em um ponto, o palestrante tem razão: é preciso estar atento às notícias que são veiculadas pelos meios de comunicação, livres ou não. Mas é preciso também, que comunicadores, sejam eles jornalistas ou blogueiros tenham como compromisso primeiro, informar. Colocar interesses, sejam políticos ou não, de lado e mostrar o que acontece com sinceridade. É o que “De nós tudo!” espera de um mídia livre.Uma frase, no entanto, que chamou nossa atenção foi dita por Eri Castro, ao fim da palestra do professor de História: “não podemos sucumbir ao canto de sereia da oligarquia”.

Deste modo, o mote do encontro, que pregava a necessidade de uma mobilização social para a expansão da rede de blogueiros maranhenses, assumiu sua intenção política e trouxe em definitivo para o evento, a discussão em torno do uso da mídia para combater interesses políticos. Participar desse evento foi válido, uma vez que presenciar as discussões feitas pelos grupos sociais dá a chance de conhecer o que cada um pensa e como se organiza. No entanto, a proposta do encontro, em seu conceito puro, se perde quando blogueiros e políticos estão muito próximos e lutam juntos pelo poder, ainda que seja de oposição e que a democracia precise desse oxigênio.

Discutir o uso de blogs para dar voz à população e suas necessidades atendidas ou não significa um grande passo para o uso social das tecnologias, mas é preciso cautela e bom senso ao aliar comunicação e política uma vez que não se espera que os erros criticados sejam repetidos por quem os combate quando a chance de chegar ao poder realmente se concretizar.

Primeiros passos

às 12:49 PM
Caríssimos,

apareço por aqui para dar o pontapé inicial nas postagens deste nobre espaço democrático. Meu nome é Talita Guimarães e juntamente com os amigos Max de Medeiros, Saara Sousa e Saulo Galtri, deixarei por aqui textos, opiniões, visões e um pouco do fazer às vezes jornalístico às vezes literário de uma estudante de jornalismo.

Cada um de nós corresponde a uma veia do jornalismo contemporâneo. Estamos em formação acadêmica, mas já nos arriscamos por nossas habilidades para falar sobre os assuntos que despertam nosso interesse: Literatura, Educação, Música e Cultura Popular.

Além disso, brincaremos por aqui com os conceitos que envolvem a prática jornalística. Nossa intenção é mostrar ao público consumidor dos meios de comunicação de massa que o jornalismo abraça sim o retrato da realidade, mas antes disso, o jornalista é tão humano quanto qualquer outro operário e por isso possui também uma forma muito individual de ler os fatos para repassá-los a população. Ao fim, vocês perceberão o quanto é difícil julgar a mídia e defender cegamente o exercício pleno do jornalismo.

Sendo assim, volta e meia nosso jogo aqui será esse: quatro jornalistas falando sobre um mesmo fato. Vocês verão como cada um retratará ao seu modo a pauta, sempre lutando para não se desviar ou escapar do fato em foco.

E então, vamos começar? Então que tal falarmos de blogs e comunicação? Pois bem, inauguramos o "De Nós Tudo" com a cobertura do II Encontro de Blogueiros e Mídias Livres do Maranhão.

Sigam-nos e descubram em três olhares o que foi a segunda edição do ENBLOG-MA.